Como já dito no post anterior, iniciamos uma nova fase do nosso blog. Nossa proposta é trazer o estudo do Xadrez de uma forma lúdica, que não seja tão técnica, nem tão exaustiva. Iniciaremos portanto do inicio, ou seja, iniciaremos pelo tabuleiro.
No Xadrez ocidental, o tabuleiro é de forma quadrada, sendo seus lados divididos em oito partes, perfazendo um total de sessenta e quatro subdivisões. Em outras variantes, o número total de subdivisões pode ir de nove até cento e doze. Cada subdivisão do tabuleiro é denominada casa e recebe uma identificação única para a prática de notação das partidas, podendo-se tratar da identificação descritiva, algébrica ou numérica. Em tabuleiros bidimensionais, o conjunto retilíneo horizontal de divisões é denominado fileira ou fila, o conjunto retilíneo vertical é denominado coluna e os dois conjuntos retilíneos de casas da mesma cor que intersectam dois lados adjacentes do tabuleiro são denominados diagonais.
“Não seja só mais uma peça no tabuleiro, seja sagaz.”
Robert Lenn
Jogos de tabuleiro são conhecidos desde a antiguidade sendo os registros mais antigos pinturas em mastabas das I e III dinastias egípcias (3100-2700 a.C.). A primeira versão reconhecida do Xadrez surgiu por volta do século VI e chamava-se Chaturanga, sendo jogado sobre um tabuleiro do jogo de corrida denominado Ashtāpada. Este tabuleiro era monocromático e dividido em oito colunas por oito fileiras, possuindo marcas especiais denominadas “castelos” nas 1ª, 4ª, 5ª e 8ª casas das colunas a, d, e e h, que tinham função no jogo Ashtāpada, mas não no Chaturanga.
Ao chegar a Pérsia antiga, o tabuleiro foi adaptado às novas variantes do Xadrez, no qual foram incluídas mais colunas e fileiras. Uma das variantes do período, o Xadrez de Tamerião, incluía onze colunas por dez fileiras e duas casas extras ao lado direito da segunda fileira do jogador, denominadas cidadelas, que tinham função especial no jogo.
No século X o xadrez chegou a Europa e o tabuleiro adquiriu o padrão quadriculado característico do qual é reconhecido atualmente e a ser utilizado no jogo de damas, que na época utilizava um tabuleiro menor, com 25 casas. Esta alteração no tabuleiro tornou-se particularmente útil para os movimentos em diagonal, que ficaram realçados pela sequência contínua de casas da mesma cor nas diagonais, colaborando assim nos movimentos dos recém incluídos Bispos e posteriormente as Damas ao jogo. Na região da Sibéria, algumas fontes indicam que o tabuleiro era bicolor adotando a convenção da casa a1 ser da cor negra. Entretanto, não foram encontradas evidências arqueológicas que confirmem esta informação além do que esta não influenciava nas regras locais no qual o Rei e a Dama não tinham posição fixa.
O Libro de los juegos (1283) contém uma descrição do tabuleiro, mencionando que oito colunas e fileiras seria o número ideal, sendo o tabuleiro com dez muito enfadonho e o com seis muito rápido, para a prática do Xadrez. Outras inovações do período foram a criação de tabuleiros em formatos cilíndricos para a prática de variantes do jogo como o Xadrez cilíndrico e a convenção de que a primeira casa da coluna da extrema direita do enxadrista seja de cor clara, endossada por Pedro Damiano de Odemira no final do século XV. Mais recentemente, algumas variantes têm empregado tabuleiros com três dimensões, no qual a terceira dimensão usualmente é outro tabuleiro bidimensional. A variante Raumschach (1907) emprega cinco tabuleiros de 25 casas totalizando 125, e a multidimensional de maior notoriedade, Star Trek Chess, emprega um engenhoso tabuleiro de 64 casas divididas em sete níveis.
Posição espacial dos
tabuleiros no Raumschach
Tabuleiro Star Trek
Tabuleiro adaptado as necessidades
de portadores de deficiências visuais
Xadrez Cilíndrico
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Publicado por Varela
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